
Oba!!! Beterraba! Vem cá, alguém já ouviu esta frase antes? “Oba, beterraba!”. Eu nunca ouvi. Nem quando a gente tem aquele encontro inevitável com aquelas rodelas de beterraba na mesa de um self-service. Não, porque, fala sério, garanto que a maioria aqui só dá de cara com uma beterraba quando vai almoçar num self-service. Pois é, em toda a minha vida, eu nunca ouvi alguém da fila dizer “Oba, beterraba” e preencher seu prato com aquelas suculentas fatias avermelhadas, que inclusive deixam o prato mais bonito, mais colorido. Eu só consigo imaginar uma pessoa sorrindo de felicidade por ter encontrado uma beterraba, se ela estiver numa anemia profunda, o sangue quase virando leite. Aí, sim. “Oba, beterraba!” faria um enorme sentido. Pois é, mas por que estou falando disto?
É o seguinte, eu tinha vontade de começar um monólogo assim, da maneira mais inusitada possível, com uma frase inimaginável, que instigasse o público, e aí, na fila do self-service da Escola de Belas Artes, eu cometi a loucura de dizer “Oba, beterraba!” e percebi o quanto original fui naquele momento; decidi que assim começaria o meu monólogo, de maneira bem original.
Sabe como é, fazer teatro está cada vez mais difícil, e fazer algo novo no teatro é pior ainda. Todo mundo que faz teatro sente aquela missão de superar algo, de não repetir padrões, de inovar... mas o que é que já não foi feito, Meu Deus! Dizem que os gregos Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, com sua obra, são a base de tudo que aí está, que na obra deles a humanidade já está sintetizada, então o que é que eu ainda posso fazer? Como se não bastasse, ainda veio William Shakespeare, o máximo dos máximos (menos no Vietnã, mas alguém aqui por acaso estudou o teatro no Vietnã?), que com sua obra dimensionou o homem de tal forma que ninguém mais pode superá-lo! Então, se eu não posso superá-lo, o que é que eu estou fazendo aqui??? Se Shakespeare é a magnitude, é o ápice do teatro, coitadinho do teatro... Morreu há séculos e nós ficamos cultivando o seu espectro. Somos todos bruxos do teatro, tentando desesperadamente provocar o renascimento, a ressurreição ou a reencarnação do teatro, não importa. Por falar em reencarnação do teatro, se isto acontecer, danou-se, pois corremos o risco do teatro querer reencarnar como televisão ou como cinema, pois teatro hoje em dia não dá dinheiro... não dá público... não dá nada! Nem recebe!
Mesmo assim, continuamos insistindo nesta massagem cardíaca do teatro, coitado, pra ver se ele volta a pulsar forte, e a fazer as correntes sanguíneas circularem por entre todos os cantos, ativando freneticamente as hemácias populares e os leucócitos elitistas de toda esta sociedade orgânica que está com seu sistema imunológico enfraquecido pelo vírus da falta de imaginação... Vírus que me afeta neste exato momento. Com licença.
É o seguinte, eu tinha vontade de começar um monólogo assim, da maneira mais inusitada possível, com uma frase inimaginável, que instigasse o público, e aí, na fila do self-service da Escola de Belas Artes, eu cometi a loucura de dizer “Oba, beterraba!” e percebi o quanto original fui naquele momento; decidi que assim começaria o meu monólogo, de maneira bem original.
Sabe como é, fazer teatro está cada vez mais difícil, e fazer algo novo no teatro é pior ainda. Todo mundo que faz teatro sente aquela missão de superar algo, de não repetir padrões, de inovar... mas o que é que já não foi feito, Meu Deus! Dizem que os gregos Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, com sua obra, são a base de tudo que aí está, que na obra deles a humanidade já está sintetizada, então o que é que eu ainda posso fazer? Como se não bastasse, ainda veio William Shakespeare, o máximo dos máximos (menos no Vietnã, mas alguém aqui por acaso estudou o teatro no Vietnã?), que com sua obra dimensionou o homem de tal forma que ninguém mais pode superá-lo! Então, se eu não posso superá-lo, o que é que eu estou fazendo aqui??? Se Shakespeare é a magnitude, é o ápice do teatro, coitadinho do teatro... Morreu há séculos e nós ficamos cultivando o seu espectro. Somos todos bruxos do teatro, tentando desesperadamente provocar o renascimento, a ressurreição ou a reencarnação do teatro, não importa. Por falar em reencarnação do teatro, se isto acontecer, danou-se, pois corremos o risco do teatro querer reencarnar como televisão ou como cinema, pois teatro hoje em dia não dá dinheiro... não dá público... não dá nada! Nem recebe!
Mesmo assim, continuamos insistindo nesta massagem cardíaca do teatro, coitado, pra ver se ele volta a pulsar forte, e a fazer as correntes sanguíneas circularem por entre todos os cantos, ativando freneticamente as hemácias populares e os leucócitos elitistas de toda esta sociedade orgânica que está com seu sistema imunológico enfraquecido pelo vírus da falta de imaginação... Vírus que me afeta neste exato momento. Com licença.
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