
SÃO PAULO, 6 DE MAIO DE 2007.
Eu sou impaciente para escrever e-mail, carta (esta ultima modalidade de comunicação a longa distância, admiro bastante aqueles que ainda a cultivam) e essas linhas só poderiam sair quando eu passasse por um momento especial.
Esta noite eu vomitei. No meio da rua. Bom, na verdade foi na calçada. Na rua Vieira de Carvalho. Uma rua que leva meu sobrenome. E ficou suja por causa do liquido avermelhado que saiu da minha boca. Ainda bem que era só vinho.
Meu Deus!!! Agora me dei conta que Almiro me viu vomitar. Ah, foda-se. Já foi.
Ele estava sentado do meu lado, me aparando porque eu estava muito mais tonto do que ele. Dois bêbados pateticamente largados na calçada da Vieira de Carvalho, onde há pouco Cauby Peixoto havia cantado pérolas como "Conceição" e "New York, New York", juntamente com fans e curiosos (sou deste time, por favor). Eu ainda não tinha posto um gole de álcool na garganta, apenas uma garrafa de Guaraná Power, como bom rapaz da geração saúde.
São gentis os bombeiros de São Paulo. Um deles me deu água com açúcar. Na calçada, um minuto antes da devolução vinícola.
Isso numa noite de virada cultural. 24 horas de música, teatro, dança, cinema e artes plásticas por toda cidade de São Paulo. Muita gente na rua, lembrava Carnaval de Salvador. "Ê saudade, que bate no meu coração..."
Raves nas ruas Direita e XV de Novembro. Nesta ultima estava melhor, tinha uma dj dentro de uma bolha. Na rua Direita estava cheio demais e o psy trance estava meio devagar. Dançava com a garrafa de São Jorge vazia, pois achava meio absurdo jogar algo daquele tamanho no chão. Só me livrei da dita cuja quando saímos para voltarmos a Praça da Republica, jogando-a corretamente dentro de uma lixeira.
Tiroteio na Praça da Se, onde estava acontecendo o show dos Racionais MC. Foi uma correria, um clima de pânico, medo de levar uma balada perdida. Deve ter sido assim, não sei, porque enquanto isso eu e Almiro já estávamos tranquilamente dormindo. Juntos. Na grama. Na praça ao lado, a da República. Depois da segunda garrafa de vinho. Almiro conta que uns gays passaram pela gente e disseram "ooooohhh..", crentes que éramos um casalzinho feliz deitado eternamente em berço esplêndido. Ele levantou a cabeça na hora pra responder-lhes algo, mas uma mão o impediu. Era a minha, que interpretou sua levantada de cabeça como um afastamento desnecessário, puxando-a de volta à grama, junto do meu ombro. Que coisa fofa.
Andréa Elia nunca iria imaginar que aqueles dois rapazes que fizeram companhia a ela do Sesc Consolação até a Praça da República, iriam terminar a noite assim: trôpegos que tiveram de desistir do Pato Fu às 10 da manhã para chegarem em casa às 6 e terem um sono digno para assistirem a uma Zélia Duncan que eles tb não tiveram saco de ir ver...
Na noite anterior, já tínhamos passado por uma odisséia. A Odisséia de Cinema, do Espaço Unibanco na Rua Augusta (lembro quando jogava Banco Imobiliário e investia na Rua Augusta). Por apenas 8 reais, podíamos assistir a 3 filmes (0h, 2h e 4h), beber uma Bavária Premium (achei horrível), dançar ao som dos djs nos intervalos, beber Jhonie Walker Red Label à vontade batido com morango (com maracujá era foda, eu já estava com lutando contra o sono, não ia beber roska de maracujá) e ainda levar os copos vermelhos para casa. Levamos quatro, dois enfiados no casaco de Almiro. Que eu estava vestindo.
Assistimos "Além do Desejo" , a história de uma mulher que se apaixona por um transexual (muito bom!). Depois veio o "Filme-Supresa": em duas salas, as 2h, passariam filmes que o publico iria assistir sem saber qual é. Na minha passou um filme nacional horrível, "Baixios" não sei que lá, que só serviu para ver que Caio Blat tem pinto grande e Matheus Nachtergaele não, apesar dele insistir em comer o cu das putas gritando "TRAZ A MANTEIGA!". Enfim, um filme pesado e gorduroso. Ainda bem que saímos no meio do filme. Aproveitamos o saguão vazio para bebermos roskas à vontade.
Peraê. Vinicius não bebe. Foi mal, gente. Estou perdendo a minha credibilidade. Mas ainda me considero um homem que não bebe. Só bebi anteontem, ontem e hoje, por exemplo, só vou beber pq eu e Miro preparamos uma batida de Smirnoff com kiwi, uva e leite condensado que está imperdível. Faço questão de salientar que foi ele quem comprou a vodka. E amanhã é segunda-feira, ta tudo certo.
Sim, voltando, recomendo tb o terceiro filme que vimos: o australiano "Olhe para os dois lados", lindo, engraçado e sensível. Super me identifiquei com as loucuras imaginadas pelos protagonistas.
Gente, estou apaixonado. São Paulo é apaixonante. Tem gente que não gosta, que acha feia. Bom, eu gosto. Acho linda.
Meu pavio está acabando. Vou encerrar o e-mail por aqui. Preciso trabalhar agora, pra vcs não pensarem que minha vida aqui vive na base do porre. Foi um só, o primeiro da minha vida. Um porre simbólico, porque muito maior é esse porre de São Paulo, esse porre de vida que estou tomando diariamente. Tenho vivido em embriaguez contínua, vivendo em estado de porre, pronto pra levar porrada, mandar pra porra o que tiver de mandar, porque aqui está muito porreta.
Esta noite eu vomitei. No meio da rua. Bom, na verdade foi na calçada. Na rua Vieira de Carvalho. Uma rua que leva meu sobrenome. E ficou suja por causa do liquido avermelhado que saiu da minha boca. Ainda bem que era só vinho.
Meu Deus!!! Agora me dei conta que Almiro me viu vomitar. Ah, foda-se. Já foi.
Ele estava sentado do meu lado, me aparando porque eu estava muito mais tonto do que ele. Dois bêbados pateticamente largados na calçada da Vieira de Carvalho, onde há pouco Cauby Peixoto havia cantado pérolas como "Conceição" e "New York, New York", juntamente com fans e curiosos (sou deste time, por favor). Eu ainda não tinha posto um gole de álcool na garganta, apenas uma garrafa de Guaraná Power, como bom rapaz da geração saúde.
São gentis os bombeiros de São Paulo. Um deles me deu água com açúcar. Na calçada, um minuto antes da devolução vinícola.
Isso numa noite de virada cultural. 24 horas de música, teatro, dança, cinema e artes plásticas por toda cidade de São Paulo. Muita gente na rua, lembrava Carnaval de Salvador. "Ê saudade, que bate no meu coração..."
Raves nas ruas Direita e XV de Novembro. Nesta ultima estava melhor, tinha uma dj dentro de uma bolha. Na rua Direita estava cheio demais e o psy trance estava meio devagar. Dançava com a garrafa de São Jorge vazia, pois achava meio absurdo jogar algo daquele tamanho no chão. Só me livrei da dita cuja quando saímos para voltarmos a Praça da Republica, jogando-a corretamente dentro de uma lixeira.
Tiroteio na Praça da Se, onde estava acontecendo o show dos Racionais MC. Foi uma correria, um clima de pânico, medo de levar uma balada perdida. Deve ter sido assim, não sei, porque enquanto isso eu e Almiro já estávamos tranquilamente dormindo. Juntos. Na grama. Na praça ao lado, a da República. Depois da segunda garrafa de vinho. Almiro conta que uns gays passaram pela gente e disseram "ooooohhh..", crentes que éramos um casalzinho feliz deitado eternamente em berço esplêndido. Ele levantou a cabeça na hora pra responder-lhes algo, mas uma mão o impediu. Era a minha, que interpretou sua levantada de cabeça como um afastamento desnecessário, puxando-a de volta à grama, junto do meu ombro. Que coisa fofa.
Andréa Elia nunca iria imaginar que aqueles dois rapazes que fizeram companhia a ela do Sesc Consolação até a Praça da República, iriam terminar a noite assim: trôpegos que tiveram de desistir do Pato Fu às 10 da manhã para chegarem em casa às 6 e terem um sono digno para assistirem a uma Zélia Duncan que eles tb não tiveram saco de ir ver...
Na noite anterior, já tínhamos passado por uma odisséia. A Odisséia de Cinema, do Espaço Unibanco na Rua Augusta (lembro quando jogava Banco Imobiliário e investia na Rua Augusta). Por apenas 8 reais, podíamos assistir a 3 filmes (0h, 2h e 4h), beber uma Bavária Premium (achei horrível), dançar ao som dos djs nos intervalos, beber Jhonie Walker Red Label à vontade batido com morango (com maracujá era foda, eu já estava com lutando contra o sono, não ia beber roska de maracujá) e ainda levar os copos vermelhos para casa. Levamos quatro, dois enfiados no casaco de Almiro. Que eu estava vestindo.
Assistimos "Além do Desejo" , a história de uma mulher que se apaixona por um transexual (muito bom!). Depois veio o "Filme-Supresa": em duas salas, as 2h, passariam filmes que o publico iria assistir sem saber qual é. Na minha passou um filme nacional horrível, "Baixios" não sei que lá, que só serviu para ver que Caio Blat tem pinto grande e Matheus Nachtergaele não, apesar dele insistir em comer o cu das putas gritando "TRAZ A MANTEIGA!". Enfim, um filme pesado e gorduroso. Ainda bem que saímos no meio do filme. Aproveitamos o saguão vazio para bebermos roskas à vontade.
Peraê. Vinicius não bebe. Foi mal, gente. Estou perdendo a minha credibilidade. Mas ainda me considero um homem que não bebe. Só bebi anteontem, ontem e hoje, por exemplo, só vou beber pq eu e Miro preparamos uma batida de Smirnoff com kiwi, uva e leite condensado que está imperdível. Faço questão de salientar que foi ele quem comprou a vodka. E amanhã é segunda-feira, ta tudo certo.
Sim, voltando, recomendo tb o terceiro filme que vimos: o australiano "Olhe para os dois lados", lindo, engraçado e sensível. Super me identifiquei com as loucuras imaginadas pelos protagonistas.
Gente, estou apaixonado. São Paulo é apaixonante. Tem gente que não gosta, que acha feia. Bom, eu gosto. Acho linda.
Meu pavio está acabando. Vou encerrar o e-mail por aqui. Preciso trabalhar agora, pra vcs não pensarem que minha vida aqui vive na base do porre. Foi um só, o primeiro da minha vida. Um porre simbólico, porque muito maior é esse porre de São Paulo, esse porre de vida que estou tomando diariamente. Tenho vivido em embriaguez contínua, vivendo em estado de porre, pronto pra levar porrada, mandar pra porra o que tiver de mandar, porque aqui está muito porreta.
3 comentários:
Vizinho, adorei o texto! Ao lê-lo, fui lembrando de tudo que já tivemos a oportunidade de conversar pessoalmente, hehehe...
Saudades!
Se aqui é porreta, SSA é porreta ao quadrado!
Abraço grande!
Rapaz, agora que eu vi essa foto! Ô amigo... que péssimo! Mas super conveniente para a sua história!
A D O R E I!!!
Sua cara!
hahahahahahhahaha
Isso foi um e-mail coletivo mesmo, né?
beijunda
Postar um comentário